quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Poema Caótico – Moduan Matus

Lembrarei um dia quando foi que sugeri ao poeta Moduan Matus a idéia de compormos um poema em conjunto, onde ninguém soubesse o que o poeta anterior havia escrito?

Não me lembrarei também de que baú veio tal idéia. Sei sim, que minha não foi e que o Moduca já a conhecia de outros canaviais. Mesmo que fosse minha, preferiria deixá-la perdida a revelia no meio desta história regada a versos e a poesia.

Depois deste doido que vos escreve, o Moduan foi o poeta que mais vibrou com a forma anárquica daquela construção sem pé e nem cabeça. Como o – quase - anonimato dos versos esperava o próximo verso ou às vezes a própria conclusão tornavam a obra ao fim um enigma. E em como ele batizou tal exercício: “POEMA CAÓTICO”.

Lembro do poeta/arquiteto/cineasta Paulo Fonseca adorar o início de um “poema caótico” que comecei assim: “Minha querida cerveja” numa mesa onde se encontravam queridos amigos, poetas ou não, mas numa mesma vibe. Escrever poemas sem qualquer tipo de lógica, apenas no desejo maior de deixar o fluxo criativo ditar as normas do caminho a ser seguido como um rio que não se sabe bem onde vai dar.

Nunca gostei de horários, nem de em como um momento de paixão tivesse a obrigação de gerar um poema. Não. Meus versos brotam quando menos espero e por mais que eu pareça um poeta controlado, que meus poemas sejam feitos para agradar, nunca foi essa minha intenção! Na verdade nunca tive intenção qualquer que não fosse a do poema em si.

Começamos a desenhar versos como loucos onde quer que fôssemos. Moduan Matus começou a guardar esses poemas e nem percebíamos isso... E como um vírus, levou esse exercício para tantos lugares, sempre guardando cada nova criação “coletiva e sem sentido” que acabou editando num livro.

O compêndio é exatamente isso, a loucura criativa que nos movia e nos unia em noites bêbadas. Poemas dispostos em sequência, como se tudo que escrevemos fosse um só poema. Ele teve a paciência de pegar tudo que guardou em anos de construções insólitas num único livro com se fosse um mesmo poema. Juntou mais de 200 pessoas ou duzentos encontros num livro totalmente lisérgico e sem precedente.

Em determinados momentos da leitura chega-se até a encontrar alguns fios condutores, mas a grande maioria deste amálgama é na verdade um emaranhado de idéias que nem sempre se encontram em cruzamentos racionais e sim em casamentos instintintivos e vários.

Será que um dia responderei a pergunta que açoita minha cachola vez por outra? Porque o Moduan resolveu lançar um livro assim? Com tantos livros bacanas inéditos por aí, ele investiu seu tempo e dinheiro numa obra tão conceitual e tão difícil de ser compreendida?

Juro que não posso responder quando penso pelo meu umbigo! Mas posso responder quando penso como o vate. Que entende o POEMA CAÓTICO muito mais como uma parte da história de um grupo de poetas em plena atividade sísmica da criação do que só como um poema. Entende o livro como a fotografia feita com palavras por tanta gente que respirava o mesmo oxigênio viciante da poesia.

E aí tudo se explica e me faz lembrar de tudo outra vez...

Um comentário:

silvana disse...

Gostei de como você amarrou o texto, a princípio, também caótico!!!!

Moduan achou um belo discurso: emocionado e vanguardista!

Abraço.