quarta-feira, 16 de maio de 2012

Miró – um filme de Wilson Freire


Um Naldo Calazans (Pregolino) triste. Foi a primeira impressão que o poeta recifense Miró me causou. Thiago Guerra havia me mostrado um teaser deste curta, e ali já, eu havia ficado impressionado com sua verve. Senti aquela imagem amargurada do poeta como um pierrot apaixonado, entre o palhaço e o suicida. Grego, entre o drama e a comédia.

Lembrei-me de uma história que li num quadrinho de Allan Moore que contava a história de um homem que chegando a um consultório de pisquiatria se lamentava de sua vida triste e amargurada, cercado de trevas e mágoas e que já não via mais motivos para continuá-la, demonstrando ao acadêmico sua vontade intensa de se matar. Quando o doutor recomendou-lhe: “Senhor, o palhaço Piccolino está na cidade. Tire um dia de folga e vá vê-lo, dizem que seu humor e sua graça curam qualquer depressão”. O homem começou a chorar e disse: “Porra, Doutor, eu sou o palhaço Piccolino!!”.

Meses depois meu amigo Thiago me presenteou com este filme e pude ver o quanto Miró, o poeta, é mais que uma piada de um escritor inglês. Por mais que pareça contraditório, Miró é o poeta do “Alegrismo”. Miró é o poema de verdade que se faz na carne rasgada, surrada, maltratada e diminuída, mas ainda assim alegre. Vi um filme genial com situações que beiram o hilário quando posto lado a lado poetas ou/e filósofos tentando explicar seus versos. Tentando enquandrá-lo em algo entendível, tangível ou em algo próximo da realidade aceitável. E nada!

Miró é o poema violento, porém doce. Seus versos são assim. Violentos porque o mundo fora apresentado a ele desta forma. Alegres porque esta é a sua bandeira. Assisti um documentário imperdível de Wilson Freire, que usa locações queridas daqui de Recife, como o Mercado da Boa Vista, o CapiBar, as pontes que safenam o Capibaribe para entender o quanto a poesia pode trafegar entre tantos universos paralelos. Falar de amor, de sentimentos bonitos e belos, falar sobre o intangível e o abstrato ou sobre o nada ou apenas existir sem qualquer tipo de direção e explicação. Um filme que mostra que escrever poemas pode ser apenas um exercício métrico e delicado ou o próprio vômito do poeta.

Para ver o curta inteiro, o trabalho é só baixar aqui: http://www.4shared.com/video/6n2hcCCR/Mir.html

Quer saber um cadinho mais de Wilson Freire, diretor deste curta?

Quer conhecer mais um pouco do poeta Miró?

3 comentários:

Rô Gonzaga disse...

é a uma das pessoas de coração mais doce que eu conheço.
inclusive estou sem vê-lo há um tempo. :/
preciso corrigir isso logo.

silvana disse...

O Poeta é Ponte: taí mais um P. Muito bom!!!!!

Arte e Cultura Popular disse...

P,P,P,Plano politico pedagogico mais não é...É essa parada que o poeta revelou no final, e é mais um poeta dessa nação de massacrados... O cara é doido como eu um simples "cantador das coisas do porão" graças a Deus... No meio dessa infame massa de hipócritas... O cara chora de rir!!! Dá um tapa na cara da sociedade vil... Viva os poetas dessa nação,como disse o transeunte deveriam...Iventar confeitossss!!!