sábado, 3 de março de 2012

DMV – Roberto Carlos





Não sei exatamente a faixa etária do público que lê o Zarayland. Deveria saber, mas não sei. Meu bom senso informa que a maioria deve ser de jovens, na casa dos 20/30 anos. Fato que justifica absolutamente o motivo deste DMV especial, por não ser de um disco especificamente, mas sim de uma trajetória. De Rei.

Costumo brincar com os meus amigos, geralmente em mesas de bar, e, nesta brincadeira, perguntar qual seria o brasileiro ou brasileira que causaria maior comoção nacional em caso de falecimento. Já ouvi de tudo: Renato Aragão, Pelé, Sílvio Santos, Xuxa, Lula (pelo menos enquanto presidente) e outros menos votados. Um dado que sempre me incomodava nestas consultas, é que nunca diziam o nome de Roberto Carlos. E, depois que todos se manifestavam, sempre coloquei (até porque é esta a minha opinião) o nome dele. Este fato foi chamando a minha atenção no sentido de observar que a obra do Roberto é de total desconhecimento desta rapaziada mais nova. Não se trata de tentar comparar, confrontar, enfim, de gerar conflitos. A intenção é apenas a de informar.

Bem da verdade, Roberto Carlos, a partir da década de 1990, ficou devendo muito à sua carreira. Discos abaixo da crítica, músicas ruins, aquelas capas iguais e nem de perto foi o Roberto Carlos de tantas e tantas canções inesquecíveis dos anos anteriores. E hoje, quem nasceu em 1990, já é uma pessoa formada com 22 anos. Portanto, as novas gerações não têm a menor noção do que representou o Roberto na vida da gente. Caetano Veloso, numa entrevista que deu quando completava 50 anos, disse que a gente tem de saber muito bem a quem chamar de Rei. Concordo inteiramente.

Não sou especialista em Roberto Carlos. Aliás, não sou especialista em nada nessa vida. Sou um poeta distante do poema e só. Acontece que a presença musical do Roberto em várias gerações de brasileiros (especialmente aos de meia-idade e mais velhos) é algo que impressiona. Vocês com menos de 25/30 anos não têm a menor idéia do que seja e do que representa o nome de Roberto Carlos para milhões de brasileiros, faço questão de repetir. Conheço várias pessoas que têm todos os discos do Roberto. Todos. E são muitos. Roberto completou 50 anos de carreira no ano passado. Meio século. O maior vendedor de discos da história fonográfica do Brasil. Caso você não conheça nada do Roberto, faça o seguinte teste: peça para o seu pai, para sua mãe ou para alguém que viveu a década de 1970 musicalmente que cantarole dez, isso mesmo, dez músicas do Roberto, assim, de supetão. A pessoa o fará, aposto com você. E não vai se demorar muito. Agora faça o mesmo teste com a mesma pessoa e mude a personagem da pesquisa; de lambuja, diminua também o número de canções para somente três e você perceberá que as chances de sucesso diminuirão mais de 95%. Pode acreditar...

Um artista com apelo popular igual ao de Roberto Carlos não vai aparecer de novo no Brasil. E por vários motivos. O principal deles é que a figura do famoso mudou sobremaneira. O que é ser famoso hoje em dia? Não sei ao certo, mas posso afirmar que a informação circula em profusão na internet e há vários nichos de grupos de interesse que sequer podemos imaginar.

Portanto, fenômeno igual ao de Roberto Carlos nunca mais. Discos vendidos como ele vendeu, também nunca mais. Legião de fãs e admiradores como ele, nunca mais. Comoção como a que ele causa até hoje, nunca mais também. Roberto é o último de toda uma época. De todo um processo que o país viveu nesses últimos 50 anos. Roberto Carlos encerra um ciclo de um tipo de artista que, como disse acima, nunca mais vai existir. Roberto Carlos é o único. Aproveite para conhecê-lo enquanto vivo e cheio de saúde. Caso tenha algum, livre-se do preconceito. Ele é brasa, certo, bicho? Morou?

Roberto Carlos e seu parceiro Erasmo Carlos formam a dupla de compositores de mais sucesso na história do Brasil (sempre tive uma impressão de que sem o Erasmo, o Roberto não seria o que é. O Erasmo parece ser aquela voz de equilíbrio, aquela medida de ponderação para se evitar os exageros e também o cara que escreve as letras, o que dá vida à canção e o que cria as imagens românticas). E são tantos! Tenho 43 anos e posso desfilar aqui um monte deles e que fizeram parte da minha vida: Que Tudo Vá Para O Inferno, O Portão, Jesus Cristo, O Homem, Café da Manhã, Cama e Mesa, O Calhambeque, Guerra dos Meninos, Eu Te amo, As Canções Que Você Fez Pra Mim, Fera Ferida, Como É Grande O Meu Amor Por Você, Emoções, Além do Horizonte, Amada Amante, As Baleias, Cavalgada, Detalhes, Outra Vez, Proposta, É Preciso Saber Viver... Tudo isso gente, é apenas uma parte do manancial. Duvido que você, mesmo novo ou nova, não conheça uma musiquinha sequer do Rei. Vai, confessa...

Roberto Carlos é o maior artista brasileiro de todos tempos. Dono de uma carreira de 50 anos e que passou por várias gerações de brasileiros. Por isso é Rei.

E devemos saber muito bem a quem chamamos de Rei, não é verdade?

(N.E.: Ousei em criar uma coletaneazinha com as 21 músicas sugeridas pelo Marlos e fiz até uma capinha, você baixa aqui ó: http://www.4shared.com/rar/9PYLs2dt/21_do_Rei.html)

Marlos Degani é poeta, cronista e colunista do site Baixada Fácil (http://www.baixadafacil.com.br/) tem um livro publicado “Sangue da Palavra” e um disco de poemas “Até Agora” lançados e vive tramando pelaí. Você pode conhecê-lo melhor em:

O poeta está no My Space http://www.myspace.com/marlosdegani
O poeta está no YouTube http://www.youtube.com (digitar Marlos Degani)
O poeta está na página do Desmaio Públiko do
Orkut http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=3247729
O poeta está no Baixada Fácil
http://www.blogger.com/goog_1741428297
O poeta está no Twitter @MarlosDegani

2 comentários:

Denise disse...

Eu sempre ouvia Roberto Carlos quando criança, pois minha mãe sempre foi fã, aliás eu fazer aniversário no mesmo dia que ele sempre foi motivo de orgulho pra ela.
É uma pena que ele esteja aprisionado pela rede Globo que restringe o Rei ao Especial de Final de Ano e a cruzeiros, o Cézar sempre fala do Acústico MTV que ele ficou amarradão em fazer e não foi autorizado ir ao ar pelo contrato com a Globo.
Será que o Rei está na masmorra?

Hugo Mendes Guimarães disse...

é verdade cara;.
eu tenho meus 30 e..
confesso..
não conheço nada de Roberto.
até mesmo em atentou pra isso.
não me lembro,mesmo, de nada enquanto criança dele.
e ,confesso, de anos pra cá...
me gera uma certa estranheza aquele lance de especial de fim de ano da Globo com ele.
o lance DO REI
nunca entendi direito..
de curioso, e por suas palavras..
vou por aqui pesquisar
ouvir..
formar opinião.
beijo grande