domingo, 12 de fevereiro de 2012

O Quiosque do Alexandre

Quando cheguei a Recife em 2008 fui dar uma volta com Denise Dantas na orla de Boa Viagem num sábado de manhã. Chegamos cedinho, umas 8h. Em minha caminhada fui apreciando a paisagem e detestando a música que vinha dos quiosques. Na altura do Segundo Jardim, em frente ao edifício Saint-Exupéry um quiosque tocava “Sweet Dreams” da banda Eurythmics e eu disse a Denise: “Hora de parar para uma cerva”.

A partir dali sempre ia para a praia naquela altura e depois do banho de mar ficava pelo quiosque lambendo umas e ouvindo coletâneasinhas que eu mesmo fazia e alimentava a casa. Elias, um momo simpaticíssimo me atendia com sorrisos e cervejas geladas e os pasteizinhos picantes. Nesta época o quiosque estava mudando de dono, do Argentino para o Professor Robson. Mas a grande mudança mesmo veio quando Alexandre o comprou alguns poucos meses depois.

Grande mudança porque Alexandre é um cara de uma simpatia e elegância sem precedentes. Ele não ficava atrás do balcão, isso ficava por conta do faquir Isaias. Alexandre acompanhava a gente no prazer de um dia ensolarado a beira mar. Mesmo quando estava do lado de dentro do balcão, nunca deixou um cliente sem atenção cuidadosa. As vezes fazia pratos especiais para seus “clientes Vips”, uma lagosta, um bacalhau que trazia de casa e servia em generosas porções.

Quando a prefeitura de Recife resolveu modernizar os quiosques da orla, alguns eram construídos do zero, mantendo o antigo em pleno funcionamento ao lado, mas do Alexandre foi ao chão imediatamente e demorou mais de seis meses para ser reerguido. E depois de pronto Alexandre ainda descobriu alguns rolos e complexidades que o fizeram desistir do ponto.

Foi no quiosque do Alexandre que conheci Marcos Borges (acho que seu freguês predileto) e assim toda a família de Novo Horizonte. Foi de lá que saímos com Seu Toninho para comer “tuias” de lagostas e camarões free no Iate Clube de Recife. Foi para lá que fui depois de passar mal na muvuca do Galo da Madrugada, resfriar-me com a brisa marinha, a cerveja gelada e o silêncio da praia de Boa Viagem deserta em pleno carnaval.

Era para lá que eu levava todos meus amigos que vinham me visitar. Ainda levo pro mesmo quiosque, mas não fico mais que três cervejas. O encanto acabou e hoje, sem o Alexandre, é só mais um quiosque de praia. Nada mais!

3 comentários:

Flor Baez disse...

Opa! Então vai me levar também quando eu chegar nas tuas novas terras! :)

Denise disse...

O Alexandre é tão gente boa que ficava preocupado com os motoristas que estavam bebendo e aconselhava os amigos beberem mais perto de casa ou ir embora antes da blitz ser montada, se preocupava mais com a gente do que com lucro!

Zaray disse...

Isso mesmo Denise havia me esquecido deste detalhe sobre o Alexandre!